Me lembro da despedida, ah a despedida! Com certeza eu entrei em um ônibus! Mas também me lembro de ter entrado em um Uber (ou foram dois?). Com certeza você entrou no Uber e eu da calçada te olhei partir, ou será que foi o contrário? Me lembro de partir e te ver na calçada, imóvel, indecifrável, quase um mármore diante do vidro da janela. Mas também me lembro de pela mesma janela ter te visto desmanchar e lá da calçada me jogar um pedaço seu pra que eu levasse comigo nessa despedida.
Com certeza foi uma despedida! E que despedida! Você na calçada ou era eu? Mas tinha uma janela no meio, ah isso eu posso afirmar com toda a certeza! De fato, tinha uma janela. Duas coisas eu tenho certeza, foi uma despedida e havia uma janela. Mas talvez fossem três coisas, uma despedida, uma janela e sentimento!
Sentimento, ah sempre teve sentimento! Lembro que me rasgava por dentro e lembro que também te rasgava, mas também me lembro do mármore frio nos seus olhos. Me lembro também que em uma das vezes houve alguma tranquilidade, em outra havia tanta felicidade que a despedida se demorou a vir. Sim! Me lembro que em uma delas a despedida chegou atrasada na sua despedida, ou será que era a minha? Mas sempre deixou aquela saudadezinha do que ainda não havia sido vivido...
Foram tantas as nossas despedidas que me perde o raciocínio te dizer quantas foram ou quais cenas se desenrolaram ou mesmo onde aconteceram. Foram tantas emoções, tantas lagrimas, tantos últimos beijos, tantos últimos abraços, tantas ultimas despedidas! So many! Mas se despedir tantas vezes carrega suas vantagens...
Se despedir tantas vezes carrega a esperança de que sempre haverá mais despedidas, e se pra que cada despedida aconteça a gente tenha que ter um reencontro eu torço pra que tenhamos tantas despedidas quanto o universo nos permita.
Atenciosamente, Angélica
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