Faço rodízio pra desabafar com as
pessoas, não quero que elas se cansem. Parece algo altruísta, mas é apenas eu
usando outras pessoas como produtos farmacológicos. Mas quem são essas pessoas?
Primeiro foram amigos próximos,
mas eles sempre tinham o problema chato de querer resolver minhas neuras ou
tentar me acalmar, então acabei por descarta-los. Em seguida veio os colegas
distantes, mas eles nem sempre tem paciência ou tempo pra ouvir uma chuva de
lamurias infernais. Na sequência vieram os ex-peguetes que apesar de muito sem
paciência ainda fingem ouvir na esperança de alguma chance, mas ai fica
insuportável o como sempre terminam a me convidar pra sair.
Teve uma fase até onde
aleatoriamente estranhos eram o ombro de apoio para crises existenciais, mas ai
eles deixam de ser estranhos na segunda lamuria e passam pra categoria 2,
colegas distantes. Hoje me retenho a escrever, isso parece o mais certo a se
fazer, visto que assim não estou despejando minhas tristezas e bobagens em
ninguém – desde que ninguém leia.
Mas as vezes a gente escreve
coisas que precisam ser lidas, mas por quem? Quem será a próxima vítima desse
poço de chatice? Não sei. Talvez eu adote o esquema anterior e faça um rodizio
de leitores, onde cada um receba um texto apenas, sem respostas, sem interação.
Apenas um texto para ler e esquecer. Pode ser uma boa, o que acham?
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