Talvez seja isso, isso mesmo!
Talvez eu deva voltar a escrever! A situação emocional anda uma zona e meus
mecanismos de controle de ansiedade e tristeza não podem ser mais usados, logo
o melhor que posso fazer é voltar a escrever. E cá vos escrevo meus amigos
telespectadores que espero nunca existirem. Lhes escrevo em letra Calibri
tamanho 11 e se por acaso esse texto recorrer a outras fontes saibam que minha
ansiedade o fez.
Há algum tempo notei que sou uma
pessoa má. Não uma pessoa má qualquer, uma pessoa meio sadomasoquista que tanto
gosta de sentir tristeza quanto proporciona-la a outros seres ao meu redor,
logo vocês vem a pensar que sou um ser humano sozinho e abandonado, bom não é
bem assim. Na verdade sou, mas é mais pelo fato de achar as pessoas extremamente
previsíveis e chatas, mas isso falo logo.
Algumas pessoas são meio que como
eu, gostam de uma leve dose diária de tristeza, não sei como explicar, talvez a
tristeza seja como o cigarro – que recentemente me prendi - que mesmo matando
causa uma sensação boa quando tragada, uma leve queda de pressão. Ah, meus
caros leitores, se não o fosse a indústria cinematográfica não ganharia tanto
com dramas, Adele estaria desempregada e Nicolas Sparks teria sido preso. A
verdade é essa, todos gostamos de leves doses de tristeza. Mas o meu problema
está ai, explico.
Enquanto que leves doses são
coisas comuns administradas com cautela e bem pensadas meu outro vício a
ansiedade me faz ser uma viciada em heroína consumindo a tristeza como se o
amanhã não importasse. Ah! A ansiedade, essa amiguinha recém descoberta me faz
dar grandes doses de tristeza aos que me cercam, mas como eu disse lá atrás,
não são muitos que me cercam. Na verdade em específico apenas uma pessoa
realmente me cerca ultimamente, ou cercava. Eu sei que ninguém quer ler sobre
romance aqui - e ninguém irá ler -, esse post não é sobre romance e sim sobre
mim e minha capacidade de afastar as pessoas, portanto é necessário que se
diga.
As doses de tristeza que ando
aplicando na pessoinha que é ou não aquela palavra com “n” – vamos chamar de
Naples – foram demasiadamente altas. Como sabemos quando alguém se vicia em
alguns tipos de drogas os primeiros sintomas são euforia, felicidade, vontade
de fazer coisas. Em seguida temos a dependência e dependência aguda, nessas
fases iniciais a pessoa não consegue identificar mudanças de comportamento ou o
que está lhe destruindo aos poucos, nessa fase as coisas são boas, as leves
doses de tristeza são bem aceitas e levadas sem muitas baixas.
Na terceira fase temos sempre um
grande acontecimento ruim, no caso seu primo viciado em heroína rouba um DVD de
casa ou leva a aposentadoria da vovó. Nessa, nota-se que algo não está certo, o
próprio indivíduo nota que tem problemas. Então esse indivíduo tem duas opções,
lutar contra ou ignorar que está doente, em geral todos nós ignoramos que
estamos doentes ou viciados em qualquer coisa – sim, você é viciado em candy
crush –, mas infelizmente nosso coleguinha Naples conseguiu ver que estava com
problemas, mais do que isso, ele conseguiu identificar a fonte e iniciar o
programa de tratamento. Mas onde eu entro e por que “infelizmente”?
Vocês estão perdidos? Eu sei, é
difícil entender tudo em metáforas, leva um tempo pra se acostumar, mas já, já
vocês entendem.
Nessa história eu entro como
traficante também viciada apaixonada pelo drogado, parece ruim? E é. Eu vendo a
droga, eu quero e preciso que ele compre, mas ele decidiu que não quer mais
usar isso e ter um relacionamento com a dona da boca não é muito produtivo na
sua busca pela luz e paz espiritual, portanto Naples não quer mais doses de
tristeza, ai entra o “infelizmente”.
Eu, dona do morro de Logo Ali me
afundei mais no poço de vício e sem Naples. O que me dizem? Eu já sei! “Se
Naples vale a pena largue a boca, faça reabilitação e fique com ele! Simples!”.
Meus caros leitores, eu não sou apenas uma traficante, eu sou a dona da porra
toda, não é fácil sair, não é fácil terminar com o vício. Mas sim! Naples vale
a pena e estou a tentar, mas meu telefone ainda toca com pessoas querendo mais
drogas, as vezes em noites frias e sozinha – Naples foi embora – tenho recaídas
e me vejo ouvindo Adele e Lana Del Rey.
Não é fácil, eu sei. Mas Naples
não se importa mais, até porque agora ele está bem melhor, sem nenhum vício,
apenas leves e nostálgicos tremores. Às vezes Naples diz:
- I like you and I
want to be with you, but not now. Now I’m so busy and tired, I don’t have space
for this shit right now, okay? But I like you and sometimes I really miss you.
Oh, I’m sorry I have to go, I have a party now, some new friends. Bye.
Então eu resolvi escrever,
escrever e escrever. Por que agora eu estou me sentindo bastante sozinha e meio
high com a dose que me injetei hoje.
Eu sei que vocês não querem ler isso, eu também não gostaria. Mas escrever
ajudou, então muito obrigada pela sua atenção.
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